Recomeços

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Desde o primeiro dia, esse blog sempre foi sobre crises e recomeços. Em maio de 2014, quando lancei o Doce Crise, tinha acabado de perder muito. A minha avó; 23 kgs e um emprego que eu achava ser o emprego dos meus sonhos; mas mais do que isso, me perdi dentro de mim. Desacreditei.

Hoje, já aceitei que isso é cíclico e que, de tempos em tempos, eu vou me perder dentro de mim. É necessário. É nessas perdas que a gente se busca, se analisa, se compreende e se reinventa.

Nos últimos meses eu tenho sentido uma necessidade voraz de escrever. Eu sempre fiz isso, desde muito nova, mas às vezes esse chamado amansa dentro de mim e eu perco a intensidade. Passados quase 5 anos desde a última postagem que fiz no blog, vim dar uma olhada como estava esse baú. Muitas coisas eu resolvi apagar e deixar para trás, não combinam mais comigo, mas há tantas outras coisas da Mayara de 25 anos que estão na Mayara de 30. A essência de verdade não se esvai tão facilmente.

Eu tenho tido essa necessidade de colocar os sentimentos para fora e de ter um projeto que seja meu. Engraçado como eu nunca deixei de pagar o domínio do site, porque um sussurro sempre surgia com um “vai que…”. A verdade é que também tenho falado muito com os outros sobre sentimentos em geral. Sobre ser livre para ser frágil, sobre ser vulnerável e humano. Por que nós temos tanto medo de acessar os nossos próprios sentimentos e reconhecê-los?

Eu sempre sinto o coração mais leve quando me encontro num texto que li, ou quando vejo que a minha dor é parecida com a dor do outro. Essa constatação de não estar só no mundo, mesmo que por um breve sentimento refletido, é uma das melhores sensações de alívio que encontro para lidar com as minhas crises.

E aí, fica mais doce viver. Porque viver não é, justamente, buscar o significado das miudezas do dia-a-dia?

 

 

A ponte do Brooklyn, a chuva e os cadeados do amor

Photo by Mayara Facchini

Photo by Mayara Facchini

 

Oi, gente! São 00:35 da noite aqui em Nova York enquanto eu paro para escrever o post de quarta-feira para vocês. E, como prometi no anterior, vou contar o que você deve fazer quando estiver no meio da ponte do Brooklyn e uma bela chuva der as caras. Lembrando que sua câmera está na bolsa e você não tem nem capa, nem guarda-chuva.

Foi exatamente o que aconteceu comigo. Antes de vir para cá, muitas pessoas sugeriram que eu cruzasse a ponte a pé porque a vista era linda, e além disso a ponte em si é muito famosa. Deixei para fazer isso no final do dia, na esperança de pegar um belo pôr-do-sol para dar um charme nas minhas fotos. Não ganhei sol nenhum. Nem um fiozinho de luz, mas continuei caminhando e dei de cara com vários cadeados pendurados na ponte.

Photo by Mayara Facchini

Photo by Mayara Facchini

Para quem não sabe, os “cadeados do amor” são colocados por casais em várias pontes do mundo para simbolizar o compromisso. A chave deve ser jogada fora (no mar ou no rio) e a única forma de o amor acabar seria encontrando essa chave para destrancar o cadeado. Fofo, né? (Apesar de essa tradição estar causando sérios problemas de poluição e excesso de peso nas estruturas de algumas pontes, mas por enquanto a coisa parece tranquila ali no Brooklyn).

Photo by Mayara Facchini

Photo by Mayara Facchini

Continuei me divertindo com os cadeados e as fotos quando de repente, aos poucos, comecei a sentir as gotinhas de chuva caindo em mim. Torci com toda a minha força para que não fosse nada… só uma garoa… Mas não era. E nessa altura, a distância para voltar já não valia a pena. Corri para o meio da ponte na esperança de que ali fosse um pouco mais “coberto”, mas nada.

Vários turistas e eu começamos a nos espremer no pequeno espaço coberto até percebermos que o vento e as gotas não estavam de brincadeira. Quando eu estava prestes a ter um ataque de nervos e começar o drama de “ó, por que eu?” uma senhora e o marido começaram a puxar assunto e fazer piada da nossa situação. Descobri que eles eram irlandeses e, como eu morro de vontade de conhecer a Irlanda, o papo se estendeu por muito tempo na tempestade! Li em algum lugar que os brasileiros e os irlandeses são os povos mais simpáticos do mundo, e acho que isso deve ser verdade!

Photo by Mayara Facchini

Photo by Mayara Facchini

Fiquei ali, encharcada e rindo da situação toda com estranhos de várias partes do mundo. Eu podia terminar dizendo que a chuva parou, que o sol saiu e que eu fui sorridente até o final da ponte, mas ela não parou. E tudo bem, porque eu fui sorridente mesmo assim! Por que todas as experiências boas precisam ser sequinhas e tradicionais, né?

Eu vou sempre lembrar desse dia! 🙂

Espero que tenham gostado! A pedidos, no próximo post vou postar meu roteiro de viagem aqui em NYC e, claro, com todas as doces crises possíveis.