Esse é o terceiro texto que começo essa noite.
O primeiro era íntimo demais e senti que não era o momento de expor o assunto. O segundo era um devaneio sobre o presente ser uma mentira e nós só vivermos realmente o passado e o futuro. Nenhum dois dois estava bom como eu queria. Fechei o computador, guardei tudo e decidi que segunda-feira não teria texto no blog simplesmente porque não me senti capaz de escrever.
Rolei na cama por quinze minutos, e enquanto mexia no celular vi algumas citações aleatórias de textos que mexeram comigo e lá fui eu buscar o computador e começar tudo de novo. Tentei pensar em todas as coisas que eu estava planejando fazer no começo do ano e que precisaram ser adiadas porque eu fiquei doente. Será que é o meu corpo me dizendo para mudar de planos? Ou será que e só o meu corpo dizendo que eu ainda não me curei de outras coisas para viver as próximas que quero viver?
De alguma forma, acho que os dois textos que escrevi antes estarão misturados aqui porque eu queria mesmo era falar sobre o processo de cura. Talvez eu tenha uma ferida que não está tão cicatrizada quanto achei que estivesse. E tudo bem. Às vezes está tudo bem não estar tudo bem. Eu preciso me respeitar.
Algumas conexões são mais profundas do que conseguimos enxergar e criam ligações e caminhos muito enraizados dentro de nós, quase como pontes.
“Ponte: Qualquer tipo de estrutura que estabelece a ligação entre duas partes similares.”
Li essa frase no dicionário e fiquei pensando “Se as partes não forem similares a ponte perde o princípio? Ou ela parte no meio tal qual a corrente de uma bicicleta?”. Eu já vi muitas pontes que não ligavam partes similares, mas todas elas levavam de um lado ao outro para que as duas partes pudessem estar sempre conectadas.
Talvez a nossa ponte não fosse tão firme, e talvez eu soubesse disso desde o início, mas insisti em correr nela de um lado para o outro, muitas vezes e intensamente. Eu gostava dela, mas resolvi pular. E agora é muito estranho me sentir livre e ao mesmo tempo vazia. Como se faltasse uma parte que me preenchia, mas de uma maneira pesada.
Algumas pessoas dizem que o ideal seria que aprendêssemos a viver o presente, mas eu confesso que não sei se sou capaz. Minha imaginação é muito fértil e quando dou por mim já não estou aqui. Ou fui dar uma espiada no passado para, mentalmente, reinterpretar cenas em que o desfecho teria sido diferente, ou estou fantasiando sobre as possibilidades do futuro. Às vezes também vou para o passado só para sentir saudades.
Viver inteiramente do presente, seria ser capaz de viver o que exatamente? O presente não existe. Assim que pensamos nele, um segundo se passou e já estamos no futuro ou no próximo passado, não? Eu gosto de poder estar em outros lugares que não aqui e agora. Gosto de revisitar memórias que significaram tanto e fazem parte de mim. Também gosto de idealizar novos momentos que serão concretizados no futuro.
O que eu não gosto é de descobrir que na cidade das pontes, o final não foi como imaginei. E eu resolvi assistir sozinha porque você pode ser uma pessoa de reticências, mas eu sou de pontos finais.
Fica aqui mais um amor que não existiu.
Acho que uma ponte liga duas parte similares sim. As pontes que você viu que não ligavam partes similares, na verdade, ligavam partes similares sim, só não eram similares nos quesitos onde você estava procurando similaridades. Acho que o segredo não é tentar enxergar pontes que não existem entre coisas que só parecem similares. O mais importante é buscar as fontes que sempre estiveram lá entre as coisas que a gente achava que não eram similares, mas, na verdade, quando observadas de outro ponto de vista, são bastante semelhantes. Viajei? Sem dúvida! Exorbitantemente. Culpa do seu texto.
Não viajou não, pra mim fez todo o sentido! ❤
Mais um amor que nunca existiu? Errado. O amor existou, era real e absolutamente vivo. Usando a mesma ponte acho que quem estava do utro lado não viu ou quis passar por ela. Pena… teria sido um caminho lindo a percorrer. As similaridades estavam lá o tempo todo. Segue em frente ou pega um atalho para outro amor. ❤
Ai, Ana! Depois de ler esse texto lindo em que me identifiquei com cada letra… você ainda faz esse comentário 😥