Por trabalhar com livros, muita gente imagina que nós editores somos uma máquina de leitura e que, praticamente, absorvemos os conteúdos de todos os livros por osmose num simples passeio a livraria! Acreditem, todos nós da cadeia de livros queríamos mesmo ter esse superpoder, mas infelizmente ainda não é realidade. 😦
Para mim, na verdade, é justamente o contrário. Infelizmente, me sobra pouco tempo para ler tudo o que eu gostaria e a pilha ao lado da cama só vai aumentando. Mas não vim falar da minha vida corrida e da falta de tempo, vim falar um pouquinho dos primeiros livros que li em 2015!
Por ordem de aparência: O livro do corpo, Cameron Diaz; Morreste-me, José Luís Peixoto e Manual prático de bons modos em livrarias, Lilian Dorea (ou Hillé Puonto).
Eu tinha planejado escrever sobre O livro do corpo por último, porque foi o livro que mais me “fisgou” dentre os três, mas a pessoa aqui tem um pouco de TOC e ia ter insônia com essa descontinuação. Não é segredo para ninguém que eu sempre tive (e ainda tenho!) problemas com o meu corpo, com a minha auto estima e com a forma como eu me vejo (vide desabafo aqui). É engraçado, porque até mesmo agora, quando parei para reler meu desabafo, vejo que o pensamento ainda é muito parecido, apesar de o tempo ter passado.
Lembro de ter tido um pouco de preconceito quando ouvi falar que a Cameron Diaz tinha escrito “um livro do corpo”. Pensei “claro, olha só pra ela: linda e magra a vida toda. Assim é fácil.” E ela começa o livro justamente dando um tapa na cara de quem pensa assim. 🙂 É verdade, ela sempre foi magra! Mas não se alimentava bem, estava sempre sempre indisposta e com a pele ruim. Sentia tonturas, fraquezas, e também era muito criticada, mas por ser “magra demais”.
O livro é dividido em três partes: Nutrição, Fitness e Mente e com a ajuda de especialistas ela conta direitinho como mudou os hábitos alimentares e melhorou a saúde. Se você estiver procurando um livro de receitas light e dietas milagrosas para perder peso rapidamente, esse NÃO é o livro que você procura!
Tudo é narrado em primeira pessoa, e a sensação é de estar batendo um papo mesmo com ela para aprender a amar e nutrir o corpo da melhor forma possível! Eu não vou dizer que por ter lido o livro já estou magra, linda e satisfeita, mas confesso que me ajudou MUITO a perceber como meu corpo reage a certos alimentos. Minha relação com a comida tem sim sido bem diferente depois do livro, vejo tudo com outros olhos. Recomendo! 🙂
Desde que conheci a Vitória, sempre a escuto falar sobre o José Luís Peixoto e o quanto ela é apaixonada pela forma como ele escreve. Não é para menos, peguei o Morreste-me emprestado e devorei no mesmo dia. Mas já aviso, leiam em algum lugar onde possam chorar descontroladamente e dar pausas a cada cinco minutos para uma boa suspirada. Apesar de ser curtinho, o livro é quase um diário de tão sinceros que são os sentimentos postos ali. Foi escrito depois que o autor perdeu o pai e nas páginas estão as memórias mais lindas e doloridas… como, por exemplo, quando ele encontra entre algumas coisas um cartão que ele mesmo tinha feito e dado de presente para o pai quando era criança… é de partir o coração, mas com as palavras mais delicadas e lindas!
Completamente oposto ao sofrimento do livro anterior é o Manual prático de bons modos em livrarias que surgiu à partir do blog da Lilian Dorea. A autora trabalhou em livraria por cinco anos e, como ela mesma diz no blog, “enlouqueceu na maior parte do tempo”. O livro é uma coletânea de ~causos~ e atrocidades que você nunca imaginaria que acontecem em livrarias! Perguntas como “Oi, vocês vendem livros aqui?” ou “Tem o livro novo do Shoyu? (aka Osho…)” é só o começo do tipo de loucura que esses lindos desses livreiros passam e que ela descreve com uma dose (muito boa!) de ironia e bom humor. Também li em dois dias e dei MUITA risada!
Adoreei as dicas, principalmente da Cameron Diaz, afinal nunca estamos satisfeitas e dificilmente estaremos algum dia. Hahahaha 🙂