Foto: Thaís Marin
Hoje é a primeira vez nesse ano que estou com dificuldades para escrever, mas a minha proposta para mim mesma era encarar isso como um desafio e uma prática de escrita, então estou aqui sentada olhando para as teclas do computador há alguns minutos.
Não é que eu não tenha o que dizer, mas o que quer ser dito hoje não pode ser exposto. Eu não sou uma pessoa de muitos segredos, mas às vezes preciso me poupar. Então sobre o que escrever quando não se pode escrever sobre o que se quer escrever?
Pensei em algumas formas de falar sobre o assunto usando metáforas e subtextos, mas não sinto que esse seja o caminho certo. Parei algumas vezes para mexer no celular e procurar outras inspirações, mas só encontrei gatilhos.
Hoje na hora do almoço, estava assistindo a um curto documentário sobre a memória e a meditação. Era um estudo bem interessante sobre como essas duas coisas reagem no cérebro. O que mais me chamou a atenção é como as memórias de tudo o que já vivemos são exatamente a base para que consigamos imaginar o futuro. É como se pegássemos diversas imagens e tentássemos recolocá-las em outra ordem, combinar de outros jeitos, para contar uma nova história.
Será por isso que às vezes sentimos que estamos andando em círculos e ficamos sem conseguir projetar novos cenários? Será por isso que às vezes eu sinto que preciso fechar alguns ciclos e começar do zero? Com imagens novas? Personagens diferentes?
Eu não sei… Tem dias que a minha vontade é não fazer muitos esforços e só admirar a vista enquanto o cérebro fica brincando com esse quebra-cabeça de quem eu era e de quem eu serei.
Estar vivo é não saber como nos sentiremos no dia seguinte.