Recomeços

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Desde o primeiro dia, esse blog sempre foi sobre crises e recomeços. Em maio de 2014, quando lancei o Doce Crise, tinha acabado de perder muito. A minha avó; 23 kgs e um emprego que eu achava ser o emprego dos meus sonhos; mas mais do que isso, me perdi dentro de mim. Desacreditei.

Hoje, já aceitei que isso é cíclico e que, de tempos em tempos, eu vou me perder dentro de mim. É necessário. É nessas perdas que a gente se busca, se analisa, se compreende e se reinventa.

Nos últimos meses eu tenho sentido uma necessidade voraz de escrever. Eu sempre fiz isso, desde muito nova, mas às vezes esse chamado amansa dentro de mim e eu perco a intensidade. Passados quase 5 anos desde a última postagem que fiz no blog, vim dar uma olhada como estava esse baú. Muitas coisas eu resolvi apagar e deixar para trás, não combinam mais comigo, mas há tantas outras coisas da Mayara de 25 anos que estão na Mayara de 30. A essência de verdade não se esvai tão facilmente.

Eu tenho tido essa necessidade de colocar os sentimentos para fora e de ter um projeto que seja meu. Engraçado como eu nunca deixei de pagar o domínio do site, porque um sussurro sempre surgia com um “vai que…”. A verdade é que também tenho falado muito com os outros sobre sentimentos em geral. Sobre ser livre para ser frágil, sobre ser vulnerável e humano. Por que nós temos tanto medo de acessar os nossos próprios sentimentos e reconhecê-los?

Eu sempre sinto o coração mais leve quando me encontro num texto que li, ou quando vejo que a minha dor é parecida com a dor do outro. Essa constatação de não estar só no mundo, mesmo que por um breve sentimento refletido, é uma das melhores sensações de alívio que encontro para lidar com as minhas crises.

E aí, fica mais doce viver. Porque viver não é, justamente, buscar o significado das miudezas do dia-a-dia?

 

 

Feliz um ano de Doce Crise!

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O Doce Crise hoje completa um ano de vida!
Eu queria estar inspirada e saber o que dizer e contar pra vocês que logo teremos cara nova e postagens mais frequentes e confissões de crises contadas daquela forma enérgica e irônica que eu costumo fazer. Mas não seria verdade.
Até porque, na verdade, as crises andam bem fortes! Bem loucas… bem eu. E todas os desabafos tem ido parar no caderninho que fica na cabeceira da cama.
Eu tenho o hábito de anotar o horário em que começo as escrever minhas loucuras e tenho reparado que, assim que passa da meia-noite, o turbilhão de insanidades dá o ar da graça! Ficamos todos lá na cama: o caderninho, a caneta, os cobertores, o travesseiro, eu e o desassossego.
Depois que tudo passa, vou dormir cheia de planos e juro que no dia seguinte vou mudar o ritmo, mas quando acordo restou somente o sono.

Foi até bom o Facebook me lembrar que hoje era aniversário do blog, porque ler exatamente o que postei nesse mesmo dia, no anterior, me ajudou a lembrar um pouquinho o que eu quero pra mim: https://docecrise.com/2014/05/15/vamos-falar-de-crise/

Primeiros livros de 2015

Por trabalhar com livros, muita gente imagina que nós editores somos uma máquina de leitura e que, praticamente, absorvemos os conteúdos de todos os livros por osmose num simples passeio a livraria! Acreditem, todos nós da cadeia de livros queríamos mesmo ter esse superpoder, mas infelizmente ainda não é realidade. 😦

Para mim, na verdade, é justamente o contrário. Infelizmente, me sobra pouco tempo para ler tudo o que eu gostaria e a pilha ao lado da cama só vai aumentando. Mas não vim falar da minha vida corrida e da falta de tempo, vim falar um pouquinho dos primeiros livros que li em 2015!

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Por ordem de aparência: O livro do corpo, Cameron Diaz; Morreste-me, José Luís Peixoto e Manual prático de bons modos em livrarias, Lilian Dorea (ou Hillé Puonto).

Eu tinha planejado escrever sobre O livro do corpo por último, porque foi o livro que mais me “fisgou” dentre os três, mas a pessoa aqui tem um pouco de TOC e ia ter insônia com essa descontinuação. Não é segredo para ninguém que eu sempre tive (e ainda tenho!) problemas com o meu corpo, com a minha auto estima e com a forma como eu me vejo (vide desabafo aqui).  É engraçado, porque até mesmo agora, quando parei para reler meu desabafo, vejo que o pensamento ainda é muito parecido, apesar de o tempo ter passado.

Lembro de ter  tido um pouco de preconceito quando ouvi falar que a Cameron Diaz tinha escrito “um livro do corpo”. Pensei “claro, olha só pra ela: linda e magra a vida toda. Assim é fácil.”  E ela começa o livro justamente dando um tapa na cara de quem pensa assim. 🙂 É verdade, ela sempre foi magra! Mas não se alimentava bem, estava sempre sempre indisposta e com a pele ruim. Sentia tonturas, fraquezas, e também era muito criticada, mas por ser “magra demais”.

O livro é dividido em três partes: Nutrição, Fitness e Mente e com a ajuda de especialistas ela conta direitinho como mudou os hábitos alimentares e melhorou a saúde. Se você estiver procurando um livro de receitas light e dietas milagrosas para perder peso rapidamente, esse NÃO é o livro que você procura!

Tudo é narrado em primeira pessoa, e a sensação é de estar batendo um papo mesmo com ela para aprender a amar e nutrir o corpo da melhor forma possível! Eu não vou dizer que por ter lido o livro já estou magra, linda e satisfeita, mas confesso que me ajudou MUITO a perceber como  meu corpo reage a certos alimentos. Minha relação com a comida tem sim sido bem diferente depois do livro, vejo tudo com outros olhos. Recomendo! 🙂

Desde que conheci a Vitória, sempre  a escuto falar sobre o José Luís Peixoto  e o quanto ela é apaixonada pela forma como ele escreve. Não é para menos, peguei o Morreste-me emprestado e devorei no mesmo dia. Mas já aviso, leiam em algum lugar onde possam chorar descontroladamente e dar pausas a cada cinco minutos para uma boa suspirada. Apesar de ser curtinho, o livro é quase um diário de tão sinceros que são os sentimentos postos ali. Foi escrito depois que o autor perdeu o pai e nas páginas estão as memórias mais lindas e doloridas… como, por exemplo, quando ele encontra entre algumas coisas um cartão que ele mesmo tinha feito e dado de presente para o pai quando era criança… é de partir o coração, mas com as palavras mais delicadas e lindas!

Completamente oposto ao sofrimento do livro anterior é o Manual prático de bons modos em livrarias que surgiu à partir do blog da Lilian Dorea. A autora trabalhou em livraria por cinco anos e, como ela mesma diz no blog, “enlouqueceu na maior parte do tempo”. O livro é uma coletânea de ~causos~ e atrocidades que você nunca imaginaria que acontecem em livrarias! Perguntas como “Oi, vocês vendem livros aqui?” ou “Tem o livro novo do Shoyu? (aka Osho…)” é só o começo do tipo de loucura que esses lindos desses livreiros passam e que ela descreve com uma dose (muito boa!) de ironia e bom humor. Também li em dois dias e dei MUITA risada!

Recomeçar

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Uma das melhores coisas da vida é que a gente sempre pode recomeçar.

Sim, os planos vão por água abaixo e nem sempre as coisas saem da forma como a gente espera; sim, às vezes criamos definições malucas sobre o que vai nos fazer feliz e de repente descobrimos que é justamente o contrário; sim, às vezes conquistamos alguns objetivos e de repente nos vemos sem saber o que fazer com a conquista, mas se tem uma coisa que 2014 me lembrou é que a vida é mágica e que cada um desses 356 dias é uma oportunidade nova de viver e colecionar memórias!

Quando eu comecei o blog no ano passado, tinha perdido minha avó, acabado de ser demitida e estava descrente da vida, achando que tudo o que eu havia construído tinha sido uma grande perda de tempo. A única coisa que ainda me parecia certa era meu gosto pela escrita. Eu escrevo desde pequena e acho que essa é a coisa mais sincera que eu faço por mim. Me alivia, tira o peso dos ombros…

Para minha surpresa, quando eu menos esperava, a vida deu uma nova reviravolta e tudo foi se encaixando aos poucos. Usei o dinheiro da demissão para conhecer NY e a Broadway, fui contratada por uma editora portuguesa que me levou para Lisboa para viver um mês incrível e cheio de dias lindos, e voltei para São Paulo para trabalhar na filial deles daqui.

E por falar em São Paulo, essa cidade… ela me suga por completo! Pisar aqui é quase como entrar em uma esteira louca e desenfreada que está sempre com pressa de viver. Por essa e outras razões, acabei deixando o blog um pouco de lado quando voltei de Portugal.

O que não muda é que eu continuo sendo uma pessoa de crises! E é por elas (e pela minha própria sanidade mental!) que eu pretendo voltar a escrever. É uma das minhas resoluções de ano novo e dessa vez escolhi apenas 5 para poder me dedicar bastante a cada uma delas:

1 – Mudar hábitos alimentares!
(Minha guerra com a balança é eterna, mas eu não desisto! Quem sabe esse é o ano de vencer?)

2 – Chegar aos 62 kg!
(São 12 meses, gente! Não é impossível, é só se agarrar na força de vontade, no sonho (não o doce! XD) e no foco!)

3 – Aprender a tocar um pouco de piano!
(sabe como é, às vezes enjoei um pouco do violão.)

4 – Investir nas aulas de canto / perder a timidez e a insegurança!
(Acredite, estão muuuito interligadas.)

5 – Voltar a escrever mais, tanto quanto antes…
(Acho que para essa nem vou precisar me esforçar!)

É isso, janeiro é sempre refrescante (apesar do calor infernal que tem feito nesses dias ¬¬’) e cheio de esperança para se aproveitar melhor a vida! Bora, 2015!

 

Cadeados do amor em Lisboa

Quem se lembra do post que fiz sobre os cadeados do amor na Ponte do Brooklyn?

Em Lisboa eu encontrei amor de Fábio com João, amor de Célia com Thomás, amor de Catarina com Cláudia, amor de Phillip com Maureen, amor de André com Lily e até o amor de um Forever Alone…

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Essa semana passeando por Lisboa encontrei mais desses cadeados românticos em lugares diferentes da cidade. Lá do alto do elevador de Santa Justa, onde vi os primeiros, tirando várias fotos e me deparando com cadeados de casais de todos os tipos, eu não pude deixar de imaginar como teria  sido cada cena. Apaixonados, trocando beijos e abraços, jurando amor eterno, ou apenas desejando juntos que aquele friozinho na barriga perdurasse ainda por bastante tempo.

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Quantos anos essas pessoas tem? Onde elas estão agora? Será que voltam de tempos em tempos para ter certeza que o cadeado continua ali? Ou fizeram uma promessa daquelas que é preciso esperar dez anos para se saber o que aconteceu? Fiquei sonhando acordada, sentindo a energia de Lisboa lá de cima e torcendo para que cada um desses casais ainda tenha o amor no coração e as borboletas no estômago. Desejei que cada um deles pudesse ter um amor de contos de fada.

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Acho que estar apaixonado é uma das melhores sensações da vida. E não acho que isso tenha a ver apenas com estar apaixonado por outra pessoa. Por mim, eu teria prendido um cadeado Eu ❤ Vida sem problema algum! Uma das coisas que eu mais gostei, foi de encontrar os cadeados em lugares diferentes. E se ao invés de sobrecarregarmos as pontes e jogar nossas chaves por aí, cada um tivesse um cantinho especial no mundo para eternizar nossos amores?

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Eu agora quero escolher um bem querido para ser meu segredo com a vida… Ando tão feliz que quase não cabe mais em mim, preciso transbordar e colocar toda essa felicidade para o mundo também.

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Ai, Lisboa… tem trazido à tona o melhor de mim!

 

 

 

Eu acredito em mágica

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Eu mal tinha acabado de postar o texto anterior a este e logo minha inspiração surgiu e pediu para que eu colocasse o tamanho da minha alegria no “papel”. Mas também… acabo de vir de um lugar tão maravilhoso! Qualquer um que passasse por onde acabei de passar, e com essa luz deliciosa de fim de tarde se sentiria explodindo de inspiração.

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Enquanto andava por esse cenário delicioso, senti a brisa fresca no meu corpo, deixei o vento me descabelar inteira e do fundo do coração pensei: estou num castelo, e tenho certeza de que sempre ter acreditado em mágica tem muito a ver com isso.  Talvez por isso meus sentidos tenham ficado à flor da pele ali. Podem me chamar de maluca… mas eu sempre tive problemas em aceitar algum tipo de religião. Não que eu não acredite em nada, muito pelo contrário. Acredito tanto no poder da vida que preferi e achei que combinava mais comigo chamar de mágica! Mágica sim porque as sincronicidades que me acontecem e os presentes que eu ganho da vida só podem vir de algum tipo de energia boa.

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Cada vez que eu supero uma crise, ou olho para trás e percebo de verdade tudo que eu já vivi, tenho muito orgulho de ter desenhado uma vida tão cheia de oportunidades e sou sempre grata por estar viva. Eu adoro rir até a barriga doer, adoro pisar em folhas secas, adoro sentir um ventinho de verão quando meu corpo está quente e tenho feito muito de tudo isso aqui. Aliás, não ria do jeito que tenho dado risada há tempos… É uma alegria que está me consumindo!

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O que eu quero dizer é que, enquanto eu estava em um castelo aqui em Portugal, eu percebi que talvez eu devesse confiar mais no que a vida prepara para mim. O final do ano passado foi um ano muito complicado e o começo desse tão conturbado quanto. Mas se eu não tivesse percorrido todos esses caminhos, não teria tido a chance de colecionar todas as memórias boas do que eu estou vivendo.

Estou há 6 dias em Portugal e ganhei um ar tão novo para respirar que nem sei como agradecer.

Obrigada, vida! ❤

 

Doce Crise em Lisboa

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A notícia surpresa chegou: minhas crises estarão em Lisboa durante esse mês!

Como vocês sabem, comecei o blog depois de sair do meu emprego e depois de ter ficado sem férias por quatro anos. Tirei um mês para mim, fui para Nova York, Richmond e Washington e, agora, como a vida é boa, ela me trouxe para Lisboa a trabalho!

Mas como nem tudo é um mar de rosas e este é um blog sobre crises, vamos a elas! Tudo começou com um chororô danado de pré-saudade do meu namorado e da minha família e um lindo atraso de cinco horas do voo. Eu disse CINCO. E isso nunca tinha me acontecido antes. Pela primeira vez na vida, eu precisei transportar medicamentos em um avião e os danados precisavam ser conservados em geladeira. O que aconteceu? Mesmo com o frio de São Paulo, mesmo com uma porção de gelos dentro do isopor, mesmo comigo falando sobre eles o tempo todo, mesmo conseguindo um espacinho na geladeira do avião… Quando finalmente fui abrir a embalagem: metade da quantidade estava estragada e foi para o lixo.

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Mas, chegando a Lisboa, nosso hotel (meu e da menina que veio comigo (calma que eu já explico tudo)), era lindo e confortável. Todo preto (não tô brincando, gente, até o banheiro era preto), mas lindo e confortável. O problema é que eu não sou muito boa de sono em aviões e fuso-horários. Dormi super cedo, acordei no meio da noite, não durmi mais e fui para o meu primeiro dia de trabalho na editora um CACO. Estilo zumbi.

Mas então, o que é que eu vim fazer aqui? Para quem não sabe: eu faço livros. Sou editora e desde 2009 trabalho no mercado editorial do Brasil. Vim para cá para fazer um treinamento em uma editora portuguesa que abrirá a filial no Brasil ainda este ano. Eu e a Vitoria, que é dona do blog A Vi Viu, estamos aqui em Lisboa aprendendo a viver esta nova vida por um mês enquanto trabalhamos com o que é uma paixão para nós duas: livros.

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Para ser sincera, o que nos tem deixado mais apaixonadas nesses dias é nosso apartamento e as vistas lindas que temos ao redor… A paisagem que vemos do nosso banheiro é um privilégio e transmite uma calmaria tão grande que qualquer crise vai embora.

(Podem ficar babando com a nossa “morada”. Não é liiiinda? A última foto é a da vista do banheiro.)

E é assim que eu sempre tento levar meus dias. Vivo de fúrias e doçuras e acho que essa é a melhor forma de viver a vida, aproveitando todos os momentos, mesmos os ruins, para poder perceber com toda a sensibilidade a beleza das coisas boas.

Nova fase

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Eu não lembro quando foi, mas um dia eu acordei e vi a vida de outro jeito. Eu me apaixonei por ela, me apaixonei pelas oportunidades que cada dia pode trazer, aprendi a aceitar cada emoção que meu corpo me pedia para viver e percebi que esse relacionamento eu-vida vida-eu é um dos poucos que vai durar até o fim dos meus dias. É por isso que eu sempre converso comigo mesma e sempre tento resolver minhas crises.

Hoje, enquanto eu estava dirigindo nesse frio e nessa chuvinha chata de São Paulo, Epitáfio dos Titãs começou a tocar na rádio, numa versão acústica deliciosa (e eu adoro acústicos!). A música é antiga, mas sempre que eu ouço eu percebo que não quero sair do mundo sem sentir toda a magia que ele tem.

“Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer”

Quero uma vida dessas que eu leio nos livros, que eu vejo nos filmes. Quero dar o melhor de mim em tudo o que eu puder porque foi assim que as minhas heroínas fizeram as histórias delas. Eu quero uma, ou duas, ou até três páginas cheias de detalhes de cada dia que eu vivi. Acho que essa é uma das razões pelas quais eu sempre amei ler e escrever.

A partir de sábado, uma nova fase vai começar para mim. Uma fase daquelas que mudam tudo, mudam o jeito de ver o mundo e a forma como a gente lida com as coisas. Sabe quando o que a gente está para viver é uma coisa tão boa que dá medo de falar em voz alta? Parece que, se eu disser, a realidade virá correndo com um balde de água fria. Só que eu não vou deixar! 🙂

Por enquanto, eu digo para vocês que envolve livros e um destino novo e logo, logo vocês vão saber!

A culpa do tempo

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Photo by ₢ Thaís Marin

Eu vim culpar o tempo. Vim culpá-lo porque ele é todo traiçoeiro. Quando a gente quer que ele voe, ele segura bem forte cada ponteiro dos relógios, e quando a gente precisa que ele vá com bastante calma, é justamente quando ele decide correr uma maratona. E quem consegue escapar dele?

Eu, particularmente, estou correndo contra ele. Correndo porque vem uma surpresa muito boa por aí e eu ainda tenho tanta coisa para planejar! Antes de dormir eu faço mil planos para o dia seguinte, e quando tenho quase certeza que vou conseguir vencer o tempo, ganho de presente da vida alguns empecilhos. Sabe aquelas pequenas crises bobas? A internet que não funciona, o caixa eletrônico que está quebrado…

Por isso eu vim culpar o tempo, porque eu sei que eu e ele somos culpados de ficar um mês sem atualizar o blog. Ele porque me consumiu, e eu porque deixei que ele fizesse isso. Mas não tem problema porque minhas crises continuam aqui. E a surpresa que chega em agosto está recheada de crises! Mas por enquanto é segredo e eu não posso contar!

Aguardem! 🙂

Sobre comida

O texto de hoje  é um desabafo que eu escrevi há algum tempo no meu Facebook e resolvi compartilhar hoje porque não conheço uma mulher que não tenha crises com o próprio corpo. Espero que gostem!

Photo by ₢ Thaís Marin

Photo by ₢ Thaís Marin

Eu queria falar uma pouco sobre dieta. Ou sobre comida. Ou sobre peso. Ou sobrepeso. Ou sobre imagem. Ou sobre se sentir bem. Ou sobre estar bem.

A verdade é que cada uma dessas coisas gera mil outras na minha cabeça. Então vou começar dizendo uma que a maioria das pessoas que me conhecem já sabe: eu sempre tive problemas com o meu corpo. E mesmo depois de ter perdido 23 quilos, eu fico impressionada com o quanto eu ainda não me sinto satisfeita.

Ainda não gosto do que vejo no espelho e isso me tortura todos os dias. É tortura sim, porque independente de escolher a comida “certa” ou a “errada” eu me sinto culpada. E estou sempre pensando em comida. Eu me enlouqueço em pensamentos de culpa! Às vezes eu sinto a culpa de ter comido a coisa gorda, e às vezes eu sinto a culpa de ter comido a coisa magra. Acho que só quem sofreu com isso durante muito tempo deve entender o PESO (de novo… sempre ele!) que essas escolhas tem, o desgosto de engolir um alface quando a vontade mesmo era de ter engolido um hambúrguer. Ou vice-versa. E até pra escrever isso, eu preciso parar e refletir: engolir? era melhor ter mastigado antes, né? Qualquer um dos dois.

Uma das outras coisas que quis dizer aqui é que pra perder os 23 quilos que perdi eu me afundei em um ano de informações de todos os tipos e optei pelas quais eu julgava mais saudáveis, tanto pra mente quanto pro corpo e enquanto fazia (e ainda faço!) isso eu me deparo com um monte de loucuras! Encontrei quem optou por remédios, encontrei quem optou por fazer exercícios em excesso e encontrei até gente que bota a culpa do excesso de peso no salmão e no tomate. E foi aqui que eu freei. A que ponto chegamos? Cortar o tomate?

Eu já aprendi a emagrecer. Eu sei quais são as regras do jogo, mas e se eu estiver um pouco cansada de jogar? E se por enquanto, eu quiser ter alguns quilos a mais do que eu deveria? Tudo bem. Mas ao mesmo tempo isso também não é o que eu queria. Acho que o que eu queria MESMO era parar de desejar o tempo todo que meu corpo fosse outro. E “dieta pra se aceitar” eu ainda não encontrei em nenhum lugar.

Eu aposto que esse meu desabafo não é só meu. Tem muita gente se sentindo amarrada e presa também. E tudo o que eu queria agorinha era saber o por que. Por que é tão difícil ser eu mesma? Por que a grama da minha vizinha é sempre mais verde? Por que eu me sinto avaliada a cada instante?

Botem a culpa na mídia, ou nos padrões de beleza se quiserem. Isso não vai deixar esse meu sentimento, e de muitas outras mulheres, mais fácil de lidar.